quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Cuba, antes e depois da "revolucion" segunda parte


Cuba, antes da revolução de Fidel: indicadores econômicos invejados por Japão, Irlanda, Áustria, Espanha e Itália. Trabalhadores cubanos tinham renda per-capita próxima dos britânicos.

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Cuba, antes da revolução comunista, em 1959, era um país que causava inveja ao mundo. Sua renda per-capita era próxima dos britânicos, menor taxa de analfabetismo na América Latina, maior número de médicos entre os povos ibero-americanos, excelentes hospitais, garantias trabalhistas, salário mínimo e autonomia universitária já existiam em Cuba por volta de 1937. Na década de 50 Cuba, elegeu o primeiro presidente negro. Havana possuía toda tecnologia possível como tv em cores, rádios, cinemas, transporte público e a maior taxa per capita de carros da américa.

O socialismo não funcionou na ilha que se desmanchou em ruínas. Vejam alguns indicadores antes e depois, que impressionam. As fontes mais pesquisadas são ONU e Unesco.

EDUCAÇÃO

Em 1956 a ONU reconhecia Cuba como o país ibero-americano com o menor índice de analfabetismo. Naquela data mais de 76% da população já era alfabetizada. A infraestrutura educacional cubana que permitiu esses resultados foi implantada 30 anos antes da chegada do comunismo na ilha.

Hoje as escolas estão falidas e até o "lanche obrigatório", quando é oferecido pelo governo, é recusado pelas crianças. Os pais levam comida de casa (que passam pelas cercas) que geralmente é repartida com os professores. Os pais tem que pagar pelos materiais escolares, lâmpadas, consertos de carteiras, mesas e quadro negro. O índice de alfabetização "informado pelo governo" é de 99%. Cuba não participa e nem autoriza o PISA - Programa Internacional de Avaliação de Estudantes - colher informações no país sobre educação. Em países sob ditadura "prevalecem os números oficiais". Um professor cubano recebe pouco mais de 10 dólares... por mês.

MÉDICOS

Na década de 50 Cuba já detinha o maior número de médicos per-capita, entre países ibero-americanos formados em modernas universidades. Em 1957 a ONU fez esse reconhecimento. Havia um médico para cada 980 habitantes, taxa que perdia apenas para a Argentina.

As atuais universidades cubanas são desequipadas e a infraestrutura, herdada pela revolução, não foi mantida. Em Cuba um médico ganha pouco mais de 60 dólares mensais (aumento anunciado em março de 2014) e o governo comunista "exporta" os serviços de médicos para outros países e fica com 70% do salário pago. O médico não pode levar sua família para o país de trabalho. É a garantia do governo que ele não fuja. Uma enfermeira ganha 37,6 dólares mensais.

HOSPITAIS

Antes da revolução Cuba detinha modernos hospitais e excelência nos tratamentos médicos de internação. Na década de 50 existiam uma cama hospitalar para cada 190 habitantes, taxa altíssima em todo mundo. A taxa mortalidade anual em Cuba (5,8 mortes anuais por 1000 habitantes) era menor que a dos Estados Unidos (9,5) e Canadál (7,6) naquela período. A taxa de mortalidade infantil era uma das mais baixas do mundo: 3,76.

Os hospitais da "revolucion" são os mesmos mas, são sujos, mal conservados e os pacientes são obrigados a levar roupa de cama, produtos de higiene pessoal e para limpeza dos banheiros, material hospitalar como injeções, gases, material cirúrgico e até medicamentos. O maior hospital e mais bem equipado atende "estrangeiros" e membros da alta cúpula governamental.

Cuba, em 1956: indicadores
econômicos expressivos.
TURISMO

A ilha cubana foi um enorme centro turístico com moderníssimos hotéis e serviços igualados aos dos norte americanos. e franceses. Como Havana transformara-se num paraíso para turistas, a tecnologia chegava fácil e rápido à ilha, como ar condicionado central no Hotel Riviera, muito antes de chegar ao Brasil, por exemplo e em muitos países europeus.

Hoje os principais atrativos do turismo cubano são as belezas naturais e a prostituição. Não existe infraestrutura hoteleira.

ECONOMIA

Antes, Cuba detinha uma economia de fazer inveja ao mundo. Na década de 50 chegou a ocupar a segunda 
posição em renda per-capita entre países do centro e sul da América, maior que a Itália e mais que o dobro da Espanha e causava inveja a Áustria, Irlanda e Japão. Por volta de 57 a paridade dólar/peso cubano era 1 por 1.

Hoje, o salário de um cubano não passa de 20/30 dólares e seus cidadãos vivem da venda de charutos roubados das fábricas estatais, da venda de produtos proibidos no mercado negro ou de pequenos negócios. Restaurantes populares caseiros foram permitidos faz 8 anos. Os restaurantes oficiais são gerenciados pelo governo, como os táxis e a venda de sorvetes. Mas a sobrevivência de muitos vem da "FÉ, como dizem os próprios cubanos: Família no Exterior. A entrada de dólares de cubanos que se asilaram em Miami, por exemplo, sustenta milhares de residentes na ilha. Porteiros e taxistas ganham mais que médicos porque "pegam" gorjetas em dólares.
  

O Capitólio cubano e todos os prédios em concreto armado, foram construídos antes de Fidel e sua revolução. Hoje Havana é um amontoado de lixo e prédios desabando.

TECNOLOGIA E AVANÇO SOCIAL

A jornada de trabalho de 8 horas, salário mínimo e autonomia universitária já existiam em Cuba por volta de 1937. Não foi obra do socialismo. A TV em cores, que no Brasil chegou na década de 70, já existia em Cuba no ano de 1958. Cuba tinha o quinto maior número de tvs no mundo. A ilha já tinha mais de 160 emissoras de rádio nas décadas de 50/60, mais de um milhão de rádios receptores e mais de 350 salas de cinema. A primeira estação de rádio foi fundada em 1922.

Os cubanos, hoje, só podem assistir canais de tv e rádio controlados pelo sistema. Existe apenas um jornal oficial - o Granma - e os jornalistas são contratados pelo governo.

ALIMENTAÇÃO

Cuba, antes da revolução, foi segundo colocado na America Latina no consumo calórico per-capita diário. A ilha, antes da revolução, era a terceira maior produtora de arroz nas Américas Central e do Sul.

Hoje seus cidadãos vivem de cotas de alimentos insuficientes para o sustento das famílias que tem que recorrer a "práticas ilegais" para sobreviver. Inclusive prostituição. Quase 80% dos alimentos são importados porque as "fazendas coletivas" não conseguem bons resultados. O arroz vem do Vietnã.

TECNOLOGIAS E CONQUISTAS

Por volta de 1829, Cuba já se utilizava de máquinas e barcos à vapor. A ferrovia foi instalada em 1837. Telefonia sem interferência de telefonistas foi implantada em Cuba muito antes que nos países latino-americanos. Em 1959 a taxa era de 2,6 telefones para cada 100 habitantes. Em 1918 o país já concedia o divórcio que só chegou ao Brasil quase 60 anos depois.

Outras estatísticas continuaram praticamente inalteradas após a revolução. Dados de 1959 mostram que o país tinha uma taxa de 2,6 telefones para 100 habitantes, e esta era a maior taxa de toda América Latina. Dados coletados em 1995 mostraram, incrivelmente, uma taxa de apenas 3 linhas de telefone para cada 100 habitantes do país.

Em 1995, 36 anos depois, a taxa de telefones "subiu" para 3 linhas. O atraso em Cuba, hoje, é tão grande que a internet doméstica é proibida e só em 2013 é que foram instaladas lan house em Havana, cuja navegação é controlada pelo sistema. O transporte coletivo utiliza caminhões com carrocerias adaptadas.

Na ONU a confissão pública dos crimes: "fuzilamos e continuaremos fuzilando" - diz Guevara.

LIBERDADE

A democracia cubana elegeu, na década de quarenta, seu primeiro presidente negro, fato que só ocorreu nos Estados Unidos 68 anos depois. Cuba detinha uma constituição considerada avançadíssima para a época como reconhecer o direito do voto das mulheres, igualdade de direitos entre sexos e raças e direitos trabalhistas.

Havia cerca de 70 jornais circulando pela ilha (101 jornais para cada grupo de 1000 habitantes), evidências de boa alfabetização e liberdade individual na era pré-revolução. A revolução manteve baixo o índice de analfabetismo mas, proibiu os jornais. Existe apenas uma publicação oficial.

Porém, apesar de próspera, corrupção, racismo, desigualdades sociais e censura contra opositores eram comuns no país no período de Fulgêncio Batista.

Desde 1959, quando venceu a revolução castrista, não há liberdade individual ou de imprensa em Cuba. As desigualdades sociais - comuns na maioria dos países, naquele período - levaram Fidel Castro liderar uma guerrilha contra Fulgêncio Batista, derrubado em janeiro de 1959.

As promessas da "revolucion" eram de fartura e igualdade. Castro tomou o poder, acabou com as eleições, implantou uma ditadura violenta, matou mais de 120 mil cubanos opositores (Che Guevara discursou na ONU e afirmou que os fuzilamentos no "paredon" continuariam).

Ele destruiu a economia do país. O comunismo cubano foi sustentado pela URSS, até falir em 1989. Sem a ajuda soviética, Cuba definhou mais rapidamente. Organismos internacionais de Direitos Humanos constantemente denunciam o regime cubano de cercear a liberdade de imprensa e manifestações da oposição. Existem presos políticos nos cárceres cubanos. Sair do país, sem autorização, significa morte. Milhares conseguiram burlar a vigilância e fugiram para os Estados Unidos. Centenas morreram, muitos fuzilados. O único jornal do país, o Granma, mantém o estilo triunfalista das "conquistas da revolução" e reprodução de longos discursos dos líderes comunistas.

País pobre, formado por maioria negra, as desigualdades permaneceram: fartura só para membros do governo que podem adquirir comida e bens de luxo enquanto o povo vive de ração de alimentos e sem infraestrutura. A corrupção, como em todo regime socialista, aumentou entre membros do governo. O serviço público é péssimo e seus agentes praticam o "sociolismo" - palavra comum entre cubanos para se referir ao pagamento de propinas para se obter algum benefício do governo.

RENDA PER-CAPITA

Na década de 50 a renda per-capita média de um cubano era equivalente a 11.300 dólares anuais (atualizado para dólar atual), pouca menor que os 11.800 dólares do trabalhador britânico, na época.

O socialismo cubano não conseguiu nem mesmo produzir o suficiente para se sustentar buscando ajuda dos comunistas da extinta URSS. Os indicadores econômicos cubanos são nulos. O crescimento da sua economia é baixíssima, próxima a de muitos países africanos. Russos chineses e vietnamitas, por exemplo, adotaram o capitalismo e conseguiram excelentes resultados econômicos melhoramento a qualidade de vida do povo.

HABITAÇÃO E TRANSPORTE

Todos os prédios existentes hoje em Cuba foram construídos no período pré-revolução, com excelente infra estrutura. Pós Fidel pouca coisa foi acrescentada. Cuba possuía uma excelente frota de ônibus e "bondes" e tinha a segunda maior frota de carros da América Latina - 24 veículos para cada mil habitantes -atrás apenas da Venezuela, na época.

A população vive em prédios cedidos pelo governo, gratuitamente. São construções antigas, destruídas pelo tempo, sem o mínimo conforto e segurança. Todos os planos socialistas de habitação, falharam. O transporte público é adaptado, improvisado e inseguro. Visitantes riem quando se deparam com os "ônibus" cubanos trafegando por Havana. A frota de carros é antiga, sem peças e com muitas adaptações. Hoje, por conta da idade dos velhos carros americanos, transformaram-se em "atração turística".



Falta de peças de reposição e a improvisação no transporte público

RACISMO

A população cubana é de maioria negra, ascendente de escravos trazidos da África. O racismo no período pré-revolução era real. Os brancos dominavam as áreas da economia e governo restando aos negros trabalhos subalternos.

Com a revolução de Castro, o racismo, que já existia, consolidou-se em Cuba. Considere que o ícone Che Guevara, conforme afirmam seus ex-companheiros de guerrilha, odiava negros e os chamava de indolentes e preguiçosos. Os brancos, que já eram mais ricos e influentes antes da revolução, continuaram com os melhores salários e melhores habitações. Membros brancos do governo tem autorização para adquirir carros novos enquanto os negros disputam a compra dos antigos carros americanos das décadas de 40 e 50.

TRABALHO E SALÁRIO

Em 1958 o desemprego entre cubanos era de 7%, a menor taxa na América Latina. O salário no país estava em torno de 6 dólares por hora na indústria - 8º melhor salário mundial - e 3 dólares na agricultura, a 7ª melhor do mundo, suficientes para sustentar a família.

Em 2014 o jornal Granma anunciou um aumento de mais de 150% para os médicos, saltando de 25 para 64 dólares/mês. Oficialmente o salário médio do trabalhador cubano é de 29 dólares. Os "dados oficiais" não são nada confiáveis num país que não permite monitoramento de suas contas por organismos internacionais.

BLOQUEIO

Em 1960, após atritos com os revolucionários no poder por causa de refinarias americanas em solo cubano, Dwight Eisenhower, presidente americano, impôs bloqueio comercial ao país excetuando alimentos e medicamentos. Quando Cuba declarou-se marxista - até então Fidel dizia que a revolução era humanista, não comunista - em plena guerra fria, John Kennedy conseguiu aprovar no congresso um bloqueio comercial mais pesado. Mas desde 2000 os agricultores americanos negociam com Cuba.

Barack Obama, desconsiderando presos políticos e denúncias constantes de quebra dos direitos humanos e falta de liberdade individual e de imprensa, "reatou" relações com a ilha.

O governo comunista aproveitou-se para promover grande campanha mundial contra o bloqueio, sem sucesso. Todas as justificativas para o declínio cubano passa por essa linha. Mesmo com apoio financeiro irrestrito da URSS, a agricultura coletiva e a indústria de Cuba nunca avançaram. O déficit na balança comercial cubana é gigantesco: importa mais do que vende. A agricultura coletiva não produz e seu único produto de maior sucesso é o açúcar. A produção industrial é irrelevante. A estatização industrial teve os mesmos resultados que União Soviética, China e Vietnã: fracasso total. Isso explica bem a falência do socialismo no mundo.

Sem mecanização - "porque as máquinas tiram o trabalho do homem" - a produção agrícola é baixa e não representa muito no caixa da ilha. Pior de tudo isso é que a falta de manutenção das usinas açucareiras provocam quedas gigantescas na produção.

Veja como era Cuba antes da "Revolucion" de Fidel Castro.
Esta e as fotos abaixo mostram a decadência socialista: Cuba, hoje.







segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Escravos de todas as cores

Escravas brancas capturadas na Europa para abastecer haréns na península arábica. 

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Escravo é um adjetivo substantivo que vem do latin "Sclavus" - pessoa que é propriedade de outra - ou de "Slavus", de eslavo - referência a povos dessa etnia  que foram submetidos à escravidão, em determinados períodos da história, como na baixa idade média.

A condição de escravidão poderia ser determinada numa sentença, por um crime ou por se tornar um prisioneiro de guerra. Na região do oriente havia tráfico de mulheres escravas, comercializadas sem restrições, para abastecer haréns. A produção agrícola deficiente poderia levar um povo a se oferecer ao trabalho escravo em troca de sobrevivência. Nessa condição, passavam a ser propriedade de outro, por tempo combinado ou indeterminado. A incapacidade de saldar uma dívida era motivo para uma pessoa se tornar escrava de outra, dependendo de cada civilização.

Os romanos, por exemplo, impunham o trabalho forçado na produção em suas fazendas, ao contrário da egípcia onde os escravos se ocupavam mais com trabalhos domésticos ou esforço de guerra, com exceções. Na Grécia antiga toda família tinha um escravo. 

Portanto, um grande  erro é associar a natureza racial com a escravidão, isto é, não apenas negros foram submetidos a ela (estima-se que pouco menos de 12 milhões de negros foram traficados da África para as Américas, durante 400 anos e cerca de 5 milhões para regiões da península arábica) mas, milhões de brancos e amarelos viveram a escravidão considerando que essa prática foi comum e aceita durante milênios e abolida somente a partir do século XIX. Na Grécia, Roma, Egito a escravidão branca foi maioria. Ainda no século passado vários países eslavos viveram subjugados por outras nações.

Últimos anos de escravidão no Brasil. Fonte: IMS, página do site Café História
Negros escravizavam negros

Na verdade a escravidão já estava presente na África muito antes dos europeus e árabes iniciarem as rotas escravagistas. Imagine um gigantesco continente, como o africano, que abriga dezenas de etnias e cada qual com sua organização política e social. As beligerâncias armadas eram constantes e são comuns nos dias de hoje, ainda.

Em solo africano era comum a posse de escravos negros de propriedade de senhorios, também negros. Tribos maiores capturavam membros de tribos mais fracas para trabalho em seu território ou para vender no mercado árabe de escravos. O escambo - comércio de trocas - era intenso com outros países.

Com o domínio árabe dos portos africanos, aumentou muito a venda dessa mão de obra. Cerca de 5 milhões, entre os séculos VII e XIX, foram enviados para países árabes e até mesmo à China. Com o aumento desse mercado igualmente cresceram as guerras entre tribos africanas para o domínio e a captura de mais escravos.

O comércio cresceu com as rotas de navios negreiros para as Américas. A negociação era feita na base de troca: escravos x ferro, tecidos, bebidas. O ferro era transformado em armas o que tornava a tribo mais forte contra inimigos na guerra por escravos. Angola, Congo e Guiné foram os principais fornecedores. 


Os capturados eram levados para os portos e, de lá, para o Brasil, por exemplo, numa viagem de 35 dias em condições desumanas. Ingleses, franceses e holandeses também mantinham comércio escravagista com os líderes africanos, cada vez mais ricos e poderosos. O interesse dos chefes tribais por armas de ataque e defesa era imenso porque isso significava a sua sobrevivência. Curiosamente o tema escravidão é tabu na África e assunto muito delicado para ser abordado, por exemplo, numa entrevista.

No século XVIII Portugal, que já tinha perdido o domínio sobre o comércio de escravos, aboliu a escravatura na metrópole portuguesa e na Índia durante o reinado de dom José em 12 de fevereiro de 1761. No Brasil a princesa Isabel assinou a abolição somente 127 anos depois.

Robert Davis, professor de história social italiana, na Universidade Ohio State, afirmou que mais de 1 milhão de brancos europeus foram escravizados por traficantes norte-africanos entre 1530 e 1780 com ataques piratas nas costas do Mediterrâneo e Atlântico.

"Ser escravizado era uma possibilidade muito real para qualquer pessoa que viajasse pelo Mediterrâneo ou que habitasse o litoral de países como Itália, França, Espanha ou Portugal, ou até mesmo países mais ao norte, como Reino Unido e Islândia" - afirmou o historiador. Os capturados eram usados como remadores ou na construção. A fuga da população costeira, para o interior, é um registro na história desses países. Em 1544 os corsários invadiram a região que hoje é a Itália e escravizaram mais de 7 mil pessoas vendidas no norte da África.

Robert Davis: "Christian Slaves, Muslim Masters: White Slavery in the Mediterranean, the Barbary Coast, and Italy, 1500-1800" (escravos cristãos, senhores muçulmanos: a escravidão branca no Mediterrâneo, na costa Berbere e na Itália).
Quadro de 1700 mostra a praça do Mercado de Escravos Brancos que eram expostos para venda depois de serem capturados na Europa: trabalhos forçados ou remadores em navios.
Ninguém está isento de culpa

O economista, crítico social, filósofo e professor universitário negro, Thomas Sowell resumiu: Nenhuma raça, país ou civilização está isento de culpa. A escravidão era um negócio feio e sujo, mas indivíduos de praticamente todas as raças, cores e credos estavam envolvidos nela em todos os continentes habitados.
Thomas Sowell

E as pessoas que eles escravizavam também eram de praticamente todas as raças, cores e credos". Diz ele que “os europeus escravizaram outros europeus durante séculos antes que o esgotamento de escravos brancos os levasse a recorrer à África como fonte de escravos para o Hemisfério Ocidental.

O imperador romano Júlio César marchou em Roma numa procissão que incluía escravos britânicos capturados. Duas décadas depois que os negros foram emancipados nos Estados Unidos, ainda havia escravos brancos sendo vendidos no Egito.

A mesma história se repete na Ásia, África, entre os polinésios e entre os povos indígenas do Hemisfério Ocidental.

Escravidão no Japão

Somente em 1590 a escravidão de japoneses foi abolida (no período de Toyotomi Hideyoshi). Há registros de escravidão naquele país desde o século III dC. No século VIII os Nuhi, como eram chamados, eram usados na agricultura e trabalhos domésticos. Registros apontam que eles eram quase 5% da população do país.

Nos séculos XVI e XVII navios portugueses promoveram intensa exportação de escravos japoneses para outras regiões do mundo, inclusive Europa. Em Portugal, as mulheres eram usadas como escravas sexuais. Sebastião de Portugal proibiu a vinda de novos escravos do Japão em 1571.

Escravidão na Rússia

Era comum, em torno do século XVI, pessoas que se vendiam como escravas para famílias ricas, por não ter o que comer. "Livros de conselhos" da época falavam em saber escolher um escravo de bom caráter e trata-lo bem considerando que um "kholops" poderia conviver por longo período com a família. Foi Pedro, o Grande, que "aboliu" a escravidão na Rússia tornando-os servos domésticos ou na agricultura.

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Eu, o privilegiado


Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

- O senhor é um privilegiado!

A afirmação foi feita por uma jovem funcionária da TAM, dentro do ônibus que me conduzia pela pista do aeroporto de Congonhas, onde embarcaria para Marília. O avião era um Fokker, asa alta e estava me aguardando. Dentro do ônibus apenas o motorista, ela e eu. Senti-me constrangido naquela momento. Um ônibus só pra mim era muito privilégio mesmo.

Tinha sido um longo dia de trabalho em São Paulo e precisava retornar para minha sede, no interior, naquela noite. Tinha compromissos inadiáveis na manhã seguinte. Tomei um taxi rumo a Congonhas, desviamos do congestionamento e acabei chegando em cima da hora para tentar o embarque.

- Lamento, senhor! - disse a atendente, no balcão de passagens. Depois de muita insistência ela decidiu consultar o comandante, por telefone.

- A porta já subiu e a aeronave está iniciando o procedimento de taxiamento para decolar, senhor. Lamento, mas não voará hoje - sentenciou a simpática funcionária.

Eu já estava pensando no plano bê quando o telefone tocou para a atendente e, pela sua reação, percebi que havia uma esperança de voar pra casa naquela noite.

- Ok, senhor. Vou emitir sua passagem. O comandante vai esperar.

Enquanto ela procedia a emissão eu pensava como encarar os passageiros hora que subisse à bordo. Imaginei a reação dos olhares fulminantes me condenando e adjetivos não verbalizados do tipo "bonitão da bala Chita, atrasadinho, irresponsável..." e, quiçá, alguns palavrões nada recomendáveis. De posse da passagem fiz o possível para alcançar o ônibus rapidamente. Estava atrasando o voo de muita gente.

A funcionária do ônibus sorriu e fez o comentário que me fez constranger. Preparei-me para comportar com humildade, quase como uma desculpa pelo atraso. Ao aproximar da aeronave, a escada desceu. Subi rapidamente, cumprimentando a aeromoça que carregava o irrecusável sorriso de boas vindas. Pedi desculpas e cumpri o ritual que já tinha planejado: entrar de cabeça baixa, evitar olhares dos passageiros, sentar-me nos últimos bancos e erguer a cabeça somente no meio do voo.

Assim foi. Entrei pelo corredor, pelos fundos, baixei os olhos e sentei-me na primeira poltrona. Afivelei o cinto e lá fiquei. Quieto. Silencioso, constrangido, humilde. Nunca antes isso me ocorrera. "O senhor é um privilegiado" repicava na minha cabeça.

O avião começou a se mover para tomar a pista. Tomei coragem e arrisquei uma olhadinha pelo corredor. Tudo calmo. Muito calmo. Ergui a cabeça, estiquei o pescoço, olhando por cima das poltronas e nada. Nenhuma cabeça à vista. Eita, o que está ocorrendo?

Levantei-me e não vi ninguém, exceto as aeromoças. Cerrei as sobrancelhas e perguntei em voz alta: cadê todo mundo?

- Como todo mundo? - respondeu a aeromoça, reperguntando. O único passageiro é o senhor. Ninguém mais. O senhor é um privilegiado - repetiu a mesma frase da moça do ônibus.

- Eita! Dispenso todos os serviços e formalidades - sentenciei. Quero apenas um café, quando decolarmos. E chamem todos pra gente conversar aqui no fundão.

Contei pra elas do meu constrangimento de ter um ônibus só pra mim quando, de verdade, tinha um avião inteiro. Foi meu melhor voo. Voltei a cruzar com a tripulação muitas vezes e nos tratávamos como velhos amigos. Sabíamos da história de cada um. Tempo não nos faltou pra contar lorotas.

Professores brasileiros têm salário adequado e benefícios acima da média, diz Banco Mundial

Docentes têm evolução salarial e previdência melhores do que a maioria dos países; segundo estudo, chave para melhoria é incentivo por desempenho.

Por Gabriel de Arruda Castro
22/11/2017 / 14h41

As queixas sobre a falta da qualidade da educação no Brasil costumam incluir uma premissa inquestionável: a de que os professores de escolas públicas são mal pagos e que essa é uma das principais razões para os maus resultados do ensino. Mas um novo estudo do Banco Mundial sustenta que essa premissa está errada.

O relatório, divulgado nesta terça-feira, aponta outras causas para a péssima relação entre o gasto público e os resultados das escolas: o desperdício, a ineficiência e a falta de incentivos para os docentes.
Eis o que diz o documento sobre os salários dos professores:

O piso salarial dos professores brasileiros está em linha com o que é pago em outros países com renda per capita similar. No entanto, os salários dos professores no Brasil aumentam rapidamente após o início da carreira. Devido às promoções automáticas baseadas nos anos de serviço e da participação em programas de formação, em 15 anos de carreira os salários se tornam duas a três vezes superiores ao salário inicial, em termos reais. Essa evolução supera significativamente a maioria dos países no mundo.

Além disso, vale destacar que os professores brasileiros têm direito a planos previdenciários relativamente generosos quando comparado a outros países da OCDE. Essa generosidade dos benefícios previdenciários é muito superior aos padrões internacionais.

De acordo com o relatório, seria possível aumentar a qualidade do ensino fundamental em 40% e a do ensino médio em 18% sem aumentar as despesas com educação. Bastaria aumentar a eficiência na aplicação dos recursos e acabar com o desperdício.

Roberto Ellery, professor de Economia da Universidade de Brasília, concorda com as linhas gerais do estudo: “Existe um problema de gestão gigantesco. Não é pequeno, é gigantesco. Sem resolver isso, nem vale a pena botar mais recurso, porque existe a chance de ele ser mal aplicado”, avalia.

Para o especialista, há ainda outros tabus que precisam ser enfrentados no universo educacional no Brasil, que passam pela questão pedagógica. Entre eles, o tamanho das salas de aula. “Na Ásia, você tem turmas grandes com resultados muito bons”, pondera. “Isso tudo são propostas. Se você leva isso para uma escola, te acusam de fascista”, diz.

Já Gilmar Bornatto, professor da PUCPR, questiona a metodologia usada pelo estudo do Banco Mundial e diz que a condição salarial no Brasil é, sim, um fato importante para a melhoria do magistério. “Os talentos acabam fugindo do magistério e a qualidade acaba caindo”, afirma.

“Esse jovem que tem uma formação boa no ensino médio acaba procurando outra profissão. O que acaba vindo para o magistério vem de uma escola deficitária, da periferia, já trabalha, estuda à noite. E aí gera um professor que tem que correr atrás”, diz Bornatto.

O documento do Banco Mundial também afirma que a profissão é desprestigiada, mas aponta outras explicações para o problema: a pouca seletividade na contratação desses profissionais e a falta de uma relação entre o salário e o nível de desempenho do professor.

O texto aponta alguns exemplos já aplicados e que mostram ser possível, melhorar a educação com recursos limitados.

O governo do Ceará, por exemplo, distribui os recursos do ICMS para os municípios de acordo com o índice de qualidade da educação de cada um.

No Amazonas, os professores passam por uma avaliação de desempenho no início da carreira e podem ser desligados se não cumprirem os requisitos. Os estados do Rio de Janeiro e de Pernambuco já adotam um bônus financeiro por desempenho para os professores.

“Todas essas experiências se mostraram efetivas, não somente melhorando o desempenho dos alunos, mas também aumentando a eficiência do gasto público em educação”, afirma o documento.

Fonte: Gazeta do Povo

sábado, 28 de outubro de 2017

Urna eletrônica brasileira é violável

As urnas eletrônicas brasileiras viraram piada no mundo. O próprio fabricante admite que elas são frágeis e foram manipuladas nas eleições da Venezuela, mesmo com identificação biométrica. Todos os últimos presidentes do TSE (Gilmar, Toffoli e Weber) defenderam a segurança do sistema que foi invadido por hackers, sem deixar rastros, em menos de duas horas. O artigo abaixo é do jornalista Rui Fabiano.

As urnas eletrônicas

Por Rui Fabiano  |  Atualizado em 11.03.2020


É estranha a resistência do TSEao voto impresso , como registro complementar ao voto eletrônico. O Congresso aprovou, em 2015, projeto nesse sentido, de autoria do deputado Jair Bolsonaro, para viger já em 2018.

A presidente Dilma Roussef, sem maiores explicações, vetou-o, mas o Congresso derrubou-lhe o veto. Tudo estaria resolvido não fosse um detalhe: a Justiça Eleitoral. Lá, a resistência persiste. Juízes analfabetos em segurança eletrônica insistem que o sistema é seguro. Como auditar se o sistema não emite comprovante?

Alega-se que, por razões de ordem financeira e operacional (não exatamente esclarecidas), só se poderia cogitar da mudança a partir de 2022. O presidente do Tribunal na época – e também ministro do STF -, Gilmar Mendes, considera o temor às urnas, mera paranoia. E garante que são seguríssimas.

Comunidade científica confronta diagnóstico do TSE

O diagnóstico de Gilmar, na época, conflitou com o de parcela expressiva da comunidade científica brasileira e internacional e com o da própria fabricante das urnas que treinou técnicos do TSE para o seu manejo, a Smartmatic. O CEO da empresa, Antonio Mujica, em entrevista em Londres, há três meses, admitiu que as urnas são violáveis. Mais que isso, revelou que foram violadas nas eleições para a Constituinte da Venezuela, este ano, aumentando em mais de 1 milhão o número de eleitores que efetivamente votaram.

As urnas, postas sob suspeita no Brasil desde a reeleição de Dilma, cuja apuração quase secreta (havia apenas 23 pessoas acompanhando-a, sem fiscais partidários), têm mais defensores que Gilmar - o PT e seus aliados de esquerda, por exemplo. No entanto, não lhe acrescentam quaisquer argumentos.

Hackers violaram urnas sem deixar vestígios

Em julho de 2017, foi realizada em Las Vegas, EUA, a maior conferência “hacker” do mundo, a Defcon, evento que ocorre anualmente desde 1993. O foco do ano foi urna eletrônica de votação. Todos os modelos testados, inclusive os fabricados no Brasil, foram violados em menos de duas horas.

Alguns, segundo Ronaldo Lemos, representante do MIT Media Lab no Brasil, “foram hackeados sem sequer a necessidade de contato físico, utilizando-se apenas de uma conexão wi-fi insegura”.

Disse mais que “outras foram reconfiguradas por meio de portas USB. Houve casos de aparelhos com sistema operacional desatualizado, cheio de buracos, invadidos facilmente”.

O fato, diz ele, é que “todas as urnas testadas sucumbiram”. Vejam bem: todas. E com um detalhe: a manipulação de uma urna digital, segundo Lemos, “pode não deixar nenhum tipo de rastro, sendo imperceptível tanto para o eleitor quanto para funcionários da Justiça Eleitoral”. O crime perfeito.

Impressão do voto eletrônico pode inibir fraude

O voto impresso, como complemento ao voto eletrônico, pode ser um inibidor da fraude: o eleitor vê a confirmação de sua escolha numa cédula impressa, que cai numa urna convencional, que será lacrada para eventual recontagem. O óbvio em ação.

Isso previne outro truque, constatado na Defcon, segundo Lemos: “Uma máquina adulterada pode funcionar de forma aparentemente normal, inclusive confirmando na tela os candidatos selecionados pelo eleitor. No entanto, no pano de fundo, o voto vai para outro candidato, sem nenhum registro da alteração”.

Não são suposições ou meras paranoias, como sugere o ministro Gilmar Mendes, mas constatações de especialistas que puseram a mão na massa. O que se deduz é que, nos termos em que se realizam, as eleições brasileiras não são seguras.

Podem até mesmo ter produzido vencedores de araque já há alguns pleitos. Pelo perfil dos que nos governaram – e dos que ainda governam -, não é despropositada (embora inútil) tal ilação. Foram capazes de outras aberrações de calibre equivalente.

Justificativa para não imprimir o voto: custo

O risco, no entanto, é insistir em nada fazer quanto às próximas eleições, dado o que já se apurou a respeito com relação aos procedimentos até aqui utilizados. Há, sim, suspeições – e, como se vê, fundamentadas. E a maior é alegar despesas para descumprir a lei. O TSE alega que o custo de colocar impressoras nas juntas eleitorais seria de R$ 2,5 bilhões. Ora, o fundo eleitoral aprovado pelo Congresso é de R$ 3,8 bilhões para financiar os partidos.

Temer, para fazer frente na Câmara às duas denúncias que lhe moveu a PGR, liberou emendas parlamentares que montam a R$ 2,8 bilhões. E só na Petrobras os desvios de recursos, nos governos petistas, ultrapassam R$ 42 bilhões. Por que a preocupação de economizar exatamente nesse quesito? Sherlock Holmes, com seu gênio dedutivo, talvez dissesse: “Elementar, meu caro”.

O certo é que, quando nem as eleições merecem confiança, é a própria democracia que já acabou.

terça-feira, 12 de setembro de 2017

O estrago causado pelo PT

Desvios na Petrobrás são muito maiores que os detectados em auditorias anteriores; documentos mostraram o custo real de alguns equipamentos específicos da indústria de petróleo

O Estado de S.Paulo
11 Setembro 2017 | 03h00


A partir das provas obtidas pela Operação Lava Jato, auditores do Tribunal de Contas da União (TCU) constataram que os desvios na Petrobrás são muito maiores que os detectados em auditorias anteriores. Em algumas obras, o prejuízo chega a ser 70% acima do cálculo anterior, revelou o Estado. É mais um passo na difícil tarefa de avaliar, em sua real dimensão, os danos causados ao País pela empreitada petista de tomar o Estado para seus fins particulares.

A revisão do valor dos danos baseia-se em informações obtidas com a quebra de sigilo de algumas empreiteiras investigadas. O TCU recebeu da 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, do juiz Sérgio Moro, notas fiscais emitidas por fornecedores de materiais usados pelas empreiteiras nas obras da Petrobrás. Os documentos mostraram o custo real de alguns equipamentos específicos da indústria de petróleo, que antes não constava dos sistemas oficiais de pesquisa de preços consultados pelo tribunal. A comparação dos valores praticados no mercado com os previstos nos contratos deixou patente que o rombo era ainda maior.

O TCU reavaliou um contrato relativo ao Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e três da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Segundo os auditores do tribunal, a Petrobrás perdeu, apenas nesses quatro contratos, R$ 3,7 bilhões, em valores atualizados.

No contrato da Petrobrás com o consórcio integrado pela Odebrecht e a UTC Engenharia para a construção da Central de Desenvolvimento de Plantas de Utilidades (CDPU), uma das estruturas mais importantes do Comperj, houve um superfaturamento 70% maior do que o apontado pela auditoria anterior. As perdas saltaram de R$ 295 milhões para R$ 505 milhões. Em valores atualizados até outubro de 2016, os prejuízos chegam a R$ 686 milhões. A fiscalização mostrou que, a cada R$ 10 pagos pela Petrobrás ao consórcio, R$ 4 eram indevidos. Também se constatou que a própria realização do contrato com o consórcio foi irregular, com dispensa de licitação. “Essa contratação ocorreu por meio de pagamento de propinas a gestores da Petrobrás e apresentação à Diretoria Executiva de ‘emergência fabricada’, com premissas falhas e justificativas insubsistentes”, afirma o relatório. Os auditores do TCU propõem o bloqueio dos bens de seis pessoas, entre executivos da estatal e das empreiteiras, e de sete empresas dos grupos integrantes dos consórcios, incluindo UTC e Odebrecht, para garantir o ressarcimento dos prejuízos.

Na Refinaria Abreu e Lima, a reavaliação do TCU apontou um prejuízo 32% maior na Unidade de Destilação Atmosférica (UDA) e de 15% na Unidade de Hidrotratamento de Diesel (UHDT), em contratos envolvendo a Odebrecht e a OAS. Notas fiscais de 2009 permitiram descobrir um sobrepreço de R$ 1,36 bilhão nos dois empreendimentos. Antes, estimava-se um prejuízo de R$ 1 bilhão. Em valores do ano passado, o desvio chega a R$ 2,1 bilhões. Os técnicos do TCU também revisaram as contas relativas às obras de implementação das “tubovias”, o complexo de 60 mil toneladas de dutos da Refinaria Abreu e Lima, empreendido pela Queiroz Galvão, em consórcio com a Iesa. O sobrepreço inicial, de R$ 605 milhões, foi reavaliado em R$ 689 milhões. Corrigido, o valor alcança R$ 1 bilhão.

 resultado impressiona: quatro contratos geraram um prejuízo à Petrobrás de R$ 3,7 bilhões. No momento, o TCU refaz as contas de, pelo menos, mais nove contratos da Abreu e Lima, da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, e também da Usina de Angra 3, gerida pela Eletronuclear. Não é novidade o estrago causado pelo PT, mas é bem-vinda uma avaliação de suas reais proporções, seja para cobrar as reparações, seja para evidenciar o custo que representou ao País a passagem do sr. Lula da Silva e de sua pupila Dilma Rousseff pela Presidência da República. Não é possível que, depois de tão amarga experiência, os embustes do populismo lulista ainda possam enganar algum incauto eleitor.

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Ser magro não é sinônimo de saúde

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

O culto pelo corpo magro, sem reservas de gorduras, tem levado muita gente cometer excessos perigosos. Dietas milagrosas podem provocar danos seríssimos e nem sempre ser magro é sinônimo de boa saúde.

Juliene Montez Pedro, nutricionista do Hospital Ana Costa, alerta que "as dietas restritivas fazem mal tanto para as pessoas magras como para as obesas". Para ela, a restrição de algum nutriente não é bom. O ideal é a adequação, diz.

A matéria é uma publicação na página do Hospital Ana Costa que explica ser essencial, não apenas para quem fez dietas, ter uma alimentação saudável e rica em nutrientes. Nem sempre peso baixo significa boa saúde, alerta.

O Dr. Charles Felix Simões, do mesmo hospital, diz que "tanto o excesso de peso como a magreza extrema ou perda rápida de peso são indicadores de que algo pode estar errado com a saúde." Para o endocrinologista as pessoas magras também devem ser avaliadas periodicamente. A perda de peso pode estar associada a anorexia, bulimia, doenças crônicas, renais, hepáticas, autoimunes, HIV, câncer ou doenças gastrointestinais, principalmente se a queda do peso for repentina.

Pessoas que comem muito e não engordam - por questões genéticas - também precisam de uma alimentação balanceada.

Na entrevista ao site a nutricionista lembra que "as pessoas que vivem em dieta, sonham com o peso ideal. Mas nem sempre o peso é o maior problema. Antes de tudo é preciso ser saudável. "Equilibrar saúde e peso é ingerir a quantidade de calorias e nutrientes necessários, adequando proteínas, carboidratos, lipídeos, vitaminas, fibras e atividade física. Sempre acompanhado por profissionais" - afirma.

As dietas restritivas podem fazer mal para quem já é magro?

Juliene: As dietas restritivas fazem mal tanto para as pessoas magras como para as obesas. Quando falamos em restritivas significa a restrição de algum nutriente, quando o correto e o ideal é a adequação.

O magro deve ter uma dieta semelhante às pessoas com peso maior?


Juliene: Quanto a qualidade sim, porém em quantidade não. Primeiramente, devemos avaliar a questão saúde e, se estiver tudo certo, ofertar mais calorias, podendo ser oferecido uma maior quantidade e alimentos mais calóricos. Porém, nunca devemos esquecer da qualidade dos alimentos ingeridos.

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Ovo faz mal? De onde veio essa notícia?

O ovo foi resgatado: viva o ovo!

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza   
Atualizado em 18 de fevereiro de 2022

Todas as vezes que ouço alguém debatendo sobre dietas, lembro-me de duas cenas estúpidas que retratam bem o nível de informação de algumas pessoas e a qualidade jornalística da mídia quando uma repórter diz, numa matéria, que o "ovo é um veneno".

Rolam por aí, também, conselhos que taxam açúcar, sal, arroz, farinha e leite como cinco "venenos brancos" causadores de obesidade e doenças. Não é preciso muito para desmentir essa afirmação irresponsável: o Japão é o país com menor índice de obesidade do mundo e sua alimentação se baseia no arroz. A China, também grande consumidora de arroz e farinha, tem menos obesos que muitos países europeus que restringem esses alimentos em suas dietas. Controlar o uso de sal e açúcar parece ser um bom conselho da medicina porque são alimentos essenciais para o corpo. Ou comer de tudo, moderadamente.

Cena 1: a repórter e o Ovo

Uma repórter da TV Record caminha ao lado de uma nutricionista entre entre bancas de uma feira livre, falando sobre alimentos saudáveis. Entre conselhos sobre a propriedade de alguns alimentos e seus benefícios, elas passam por uma banca de ovos. A repórter faz cara de nojo e gesticula uma expressão de afastamento de algo muito perigoso e comenta:

- Ovos, Deus me livre desse veneno! Nem vamos comentar - afirma a repórter.  - Certamente! - concordou a nutricionista.

Onde está o erro desta cena?
Na afirmação irresponsável da repórter - e no consentimento da nutricionista - condenando um alimento que chamou de veneno. Quantos telespectadores se impressionaram com a cena? Quanto mal fez a repórter ao passar para a audiência do programa que ovo é um veneno?

De onde veio isso?

Certamente ela resumiu seu "conhecimento científico sobre ovos" na publicação de um jornal canadense, de 16 de agosto de 2012, escrita por uja matéria dizia que "Um novo estudo sugere que comer três ovos inteiros por semana pode engrossar tanto as artérias como fumar" (A new study suggests that eating three whole eggs a week can thicken the arteries as much as smoking). O estudo foi conduzido na Western University in Canada

Nesta mesma matéria o Dr. Steven Nissen, presidente do departamento de Medicina Cardiovascular da Cleveland Clinic Foundation, afirmou "que o estudo não deveria ser levado a sério porque é uma pesquisa de baixa qualidade que não deve influenciar as escolhas alimentares do paciente."  Ele fez duras críticas, tal e qual outros cardiologistas também, pela forma como os pesquisadores mediram a placa dos pacientes e que não conseguiram se ajustar a outros fatores dietéticos.

Mas, para leitores de uma matéria só, restou a "verdade" de que o ovo é um veneno. Nem se deram ao capricho de ler o boxe que desmentia a pesquisa.

PS: O ovo contém 13 vitaminas essenciais e minerais, gorduras saudáveis, proteínas e antioxidante.

O pão integral pode conter  calorias de um pão feito com farinha branca. A diferença é que sua digestão é mais demorada e complexa comparada ao pão de farinha branca. Por isso engorda menos.
 




Cena 2: a caloria

No corredor de um supermercado uma criança lê algumas informações numa embalagem de alimento e diz em tom de advertência e muito preocupada:

- Mãe, olha que loucura. Esse produto contém 40 calorias.
A amiga da mãe olha para o menino e elogia:
- Olha que maravilha, tão pequeno e tão inteligente.

De certa forma essa criança aprendeu que caloria é ruim, faz mal, que deve ser evitada. E, certamente, ela ouviu isso de alguém. Mas, na verdade, caloria é energia retirada dos alimentos e bebidas, essencial para o corpo funcionar. Você precisa ingerir calorias suficientes para manter sua BMR (taxa metabólica basal que faz coração, rins, cérebro e todo sistema nervoso funcionar) e repor a energia consumida em atividades físicas e suportar o processo digestivo. Aliás, os bilhões de bactérias que vivem nos intestinos comem grande parte dessas calorias. Caloria é vida!

Só o fígado de um adulto em torno de 70 quilos consome 27% de energia, o cérebro 19%, músculos 18%, rins 10%, coração 7% e 19% de outros órgãos (produção de pele e cabelos, sistema imunológico...). Um bebê utiliza quase 50% do total de calorias no cérebro.

01 caloria = energia térmica suficiente para elevara temperatura de 1 grama de água por 01° centígrado.

Ingerir mais calorias do que seu corpo precisa não é bom mas pode ser menos nocivo que consumir uma quantidade menor de calorias que seu metabolismo necessita. Varia para cada pessoa, dependendo da sua idade, altura, idade, sexo... Estabelecer metas de 2.000 calorias para mulher e 2.500 para homens contraria estudos mais recentes que demonstram que um homem de 1,70m, 40 anos e 70 quilos precisa consumir apenas 1920 calorias diárias, muito menos que as 2.500 recomendadas atualmente.

De cada 10 brasileiros, dois são obesos e seis estão com excesso de peso, diz o IBGE. Com a pregação de que é preciso emagrecer, apela-se pra tudo, inclusive restrição de calorias. O metabolismo desacelera. O organismo entende que o emagrecimento pode provocar falência do sistema e produz mais hormônios que aumentam o apetite além de aumentar o estoque de gordura como garantia de sobrevivência.

terça-feira, 1 de agosto de 2017

O pai é você, não o Estado.


Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Depois de muitos anos, encontrei um amigo das antigas. Rodando de carro, pra mostrar a cidade, rolou papo de todo tipo. Mas a conversa foi bem até passarmos por uma loja do McDonald's. Então meu amigo começou a se lamuriar.

- Tenho ódio quando entro aqui porque passo apertado com meus netos - disse ele, referindo-se a canalhice da venda casada de brinquedos e lanches, que dobram os preços.

Não apenas no Mc Donald's mas dezenas de produtos estampam super heróis em ovos de páscoa e alimentos para crianças. O apelo fomenta as vendas e a comilança, mesmo sem fome. Segundo o IBGE, 15% das crianças brasileiras, entre 5 e 9 anos, estão gordinhas. Isso é argumento mais que suficiente para que os "defensores dos fracos e oprimidos" levantem bandeiras pedindo a proibição dessa prática comercial, realmente nada saudável para crianças... e para a carteira dos pais.

- Será que não tem algum deputado para propor a proibição desse tipo de comércio? - esbravejou ele.

- Esse é o problema - respondi. Os pais, sem autoridade sobre seus filhos, esperam que o Estado crie leis e solucione por eles um problema que eles deveriam resolver - ataquei sem me preocupar em ferir suscetibilidades. Curioso, tenho 4 netos com a mesma idade dos seus e nunca tive problemas com isso - respondi ao seu argumento.

- Como assim? - perguntou, meio incrédulo, desejando descobrir a mágica de como ir ao Mc Donald's sem a preocupação de assistir a um festival de crianças birrentas querendo os ridículos e caros brinquedos. Então, calmamente, expliquei:

- Faz muito tempo, quando eram muitos menores ainda, tive uma conversa séria e rápida com eles. Antes de sairmos para a hamburgueria perguntei-lhes se iriamos comer lanches ou comprar brinquedinhos. E fiz uma proposta: quem quisesse brinquedos ficaria sentado esperando que os outros comessem. E só depois sairíamos pra comprar algum brinquedo estúpido em alguma lojinha de 1,99. Todos escolheram seus lanches preferidos... sem brinquedos. E assim foi ao longo dos anos.  

Contei-lhe que um dos netos, então com 5 anos, tinha elaborado uma "pesquisa de preços" onde comparava que o valor de 200 gramas de um bom chocolate triplicava na forma de ovo de páscoa. "Vô, isso é um absurdo!", disse-me o menino. Ou a recusa de um deles em pagar R$ 20 por duas bolas de sorvetes servidas num festival de Food Truck. Penso que aprenderam a lição.

- Eu não aceito que o Estado controle o que meus filhos e netos devam comer na escola ou no McDonald's. Eu não aceito que o Estado diga o que meus filhos e netos devam ler, que programas devam assistir na tv ou se devo ou não dar palmadinhas na bundinha deles. Os pais é que devem educar seus filhos, criar consciência crítica neles e não ficar esperando que o Estado resolva. É preciso lei para que idosos ou gestantes avancem na fila ou bastaria educação?

Penso que, na verdade, os pais perderam o controle sobre seus filhos e se desmancham em terapias pra aprender dizer um simples não a uma criança mimada. Depois, para não se sentirem frustrados, tentam compensar suas incompetências corrompendo-os com presentes imerecidos convencidos pela frase "todo mundo na escola tem, só eu que não".

Certo dia entrevistei uma psicóloga que me contou ser muito comum que antes de suas palestras sobre relacionamento familiar ser procurada por pais que buscam uma resposta para uma antiga pergunta.

- Hoje mesmo uma mãe, dócil e educada me abordou perguntando "Doutora, diante de um mundo tão complexo, ensine-me como dizer não aos filhos". Eu respondi:
- Não! - Ene, a, til, o! Não! Basta isso.

Os pais toleram demais e a tolerância é a mãe de todas as mazelas. Ao chegarem à idade adulta enfrentarão sérios conflitos de relacionamento em todas as áreas... por não aceitarem um não.

O art. 39 do Código de Defesa do Consumidor (CDC) inciso I deste artigo, afirmando que: “é a prática comercial em que o fornecedor condiciona a venda de um produto ou serviço, à aquisição de outro produto ou serviço”.

Um povo que precisa de lei para permitir que idosos ou grávidas tenham preferência numa fila ou que impeça venda casada de hambúrguer e brinquedo está deixando para o Estado decidir o que é responsabilidade dele. Breve o Estado exigirá seu passaporte de vacina pra ir e vir, escolherá sua futura esposa, decidirá se restaurante coloque saleiro na mesa, o que você almoçará...

domingo, 23 de julho de 2017

O fiasco de Lula

Está cada vez mais claro que o ex-presidente só está mesmo interessado em evitar a cadeia, posando de perseguido político.

O fiasco de Lula

O Estado de S. Paulo
23 Julho 2017 | 03h00

Faltou povo no ato que pretendia defender Lula da Silva, na quinta-feira, em São Paulo e em outras capitais. Apenas os militantes pagos - e mesmo assim nem tantos, já que o dinheiro anda escasso no PT - cumpriram o dever de gritar palavras de ordem contra o juiz Sérgio Moro, contra o presidente Michel Temer, contra a imprensa, enfim, contra “eles”, o pronome que representa, para a tigrada, todos os “inimigos do povo”.

À primeira vista, parece estranho que o “maior líder popular da história do Brasil”, como Lula é classificado pelos petistas, não tenha conseguido mobilizar mais do que algumas centenas de simpatizantes na Avenida Paulista, além de outros gatos-pingados em meia dúzia de cidades. Afinal, justamente no momento em que esse grande brasileiro se diz perseguido e injustiçado pelas “elites”, as massas que alegadamente o apoiam deveriam tomar as ruas do País para demonstrar sua força e constranger seus algozes, especialmente no Judiciário.

A verdade é que o fiasco da manifestação na Avenida Paulista resume os limites da empulhação lulopetista. A tentativa de vincular o destino de Lula ao da democracia no País, como se o chefão petista fosse a encarnação da própria liberdade, não enganou senão os incautos de sempre - e mesmo esses, aparentemente, preferiram trabalhar ou ficar em casa a emprestar solidariedade a seu líder.

Está cada vez mais claro - e talvez até mesmo os eleitores de Lula já estejam desconfiados disso - que o ex-presidente só está mesmo interessado em evitar a cadeia, posando de perseguido político. A sentença do juiz Sérgio Moro contra o petista, condenando-o a nove anos de prisão, mais o pagamento de uma multa de R$ 16 milhões, finalmente materializou ao menos uma parte da responsabilidade do ex-presidente no escândalo de corrupção protagonizado por seu governo e por seu partido. Já não são mais suspeitas genéricas a pesar contra Lula, e sim crimes bem qualificados. Nas 238 páginas da sentença, abundam expressões como “corrupção”, “propina”, “fraude”, “lavagem de dinheiro” e “esquema criminoso”, tudo minuciosamente relatado pelo magistrado. Não surpreende, portanto, que o povo, a quem Lula julga encarnar, tenha se ausentado da presepada na Avenida Paulista.

O fracasso é ainda mais notável quando se observa que o próprio Lula, em pessoa, esteve na manifestação. Em outros tempos, a presença do demiurgo petista com certeza atrairia uma multidão de seguidores, enfeitiçados pelo seu palavrório. Mas Lula já não é o mesmo. Não que lhe falte a caradura que o notabilizou desde que venceu a eleição de 2002 e que o mantém em campanha permanente. Mas seu carisma já não parece suficiente para mobilizar apoiadores além do círculo de bajuladores.

Resta a Lula, com a ajuda de seus sabujos, empenhar-se em manter a imagem de vítima. Quando o juiz Sérgio Moro determinou o bloqueio de R$ 600 mil e de bens de Lula para o pagamento da multa, a defesa do ex-presidente disse que a decisão ameaçava a subsistência dele e de sua família. Houve até quem dissesse que a intenção do magistrado era “matar Lula de fome”. Alguns petistas iniciaram uma “vaquinha” para ajudar Lula a repor o dinheiro bloqueado - e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, durante o ato na Paulista, disse que “essa é a diferença entre nós e a direita: nós temos uns aos outros”.

Um dia depois, contudo, o País ficou sabendo que Lula dispõe de cerca de R$ 9 milhões em aplicações, porque esses fundos foram igualmente bloqueados por ordem de Sérgio Moro. A principal aplicação, de R$ 7,2 milhões, está em nome da empresa por meio da qual Lula recebe cachês por palestras, aquelas que ninguém sabe se ele efetivamente proferiu, mas pelas quais foi regiamente pago por empreiteiras camaradas.

Tais valores não condizem com a imagem franciscana que Lula cultiva com tanto zelo, em sua estratégia de se fazer de coitado. Felizmente, cada vez menos gente acredita nisso.

Editorial do Estadão

quarta-feira, 15 de março de 2017

Brasil é o país que aposenta mais cedo, no mundo.


Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Em meio a discussão sobre aposentadoria, observa-se muita desinformação - proposital ou não - ignorância, manipulação e falta de raciocínio, por todos os lados. No Brasil a média de idade da aposentadoria foi de 58 anos, no ano passado, uma das menores do mundo. Levou-se em consideração as aposentadorias por idade, tempo de contribuição e invalidez. Considerando as aposentadorias por tempo de serviço a média cai para 54,7 anos e, por invalidez, 52,2 anos.

O que está proposto é aposentar o trabalhador que começa a trabalhar aos 20 anos de idade depois de 45 anos de contribuição, isto é, aos 65 anos tal e qual na maior parte dos países mais avançados segundo a OCDE - Organização para Cooperação ao Desenvolvimento Econômico. México, Coreia do Sul, Chile, Japão, Portugal, Islândia, Israel, Nova Zelândia, Suíça, Suécia, Estados Unidos estão entre 65/72 anos.

Aos 65 anos o homem está velho demais? Pelo menos na iniciativa privada, não. Entre 50 e 75 anos homens e mulheres estão no auge da sua vida profissional produtiva. Então, aposentar alguém aos 50/55 anos me parece um crime hediondo, exceto em casos de doença/invalidez.

O Banco Central da Alemanha está propondo elevar a idade mínima para aposentadoria para 69 anos "para manter o sistema sustentável", justifica. Os norte americanos estão revendo suas planilhas, também. Apesar de rigorosos, o sistema previdenciário americano vai explodir brevemente. Ao contrário do Brasil, lá não existe aposentadoria integral para funcionário público. Lá, os aposentados, servidores públicos e privados, recebem 44% do seu último salário numa fórmula que considera  tempo de contribuição e salário e a média é 65 anos para se aposentar. Em 2018 serão US$ 500 bilhões (R$ 1,4 trilhão) para 44,5 milhões de pensionistas nos Estados Unidos.

No Brasil o déficit prevista para 2016 vai passar de 150 bilhões de reais. Entre os funcionários públicos a média de idade para aposentadoria é de 60,7 anos.

Entre tantas regras existem as "aposentadorias especiais", em muitos casos excrecências que devem ser banidas. Políticos deveriam seguir as mesmas regras mas, o que se vê, são aposentadorias com 4 ou 8 anos de atividade parlamentar, em  alguns casos com inúmeros benefícios perenes pagos pelos cofres públicos.

O problema nem deveria ser a idade mínima da aposentadoria de um trabalhador, público ou privado, mas o valor desses benefícios.

COMPARAÇÃO ENTRE MÉDIA DE IDADE DA APOSENTADORIA DOS HOMENS


País
Média de idade
México
72,3
Coréia do Sul
71,1
Chile
69,4
Japão
69,1
Portugal
68,4
Islândia
68,2
Israel
66,9
Nova Zelândia
66,7
Suíça
66,1
Suécia
66,1
Estados Unidos
65,0
Austrália
64,9
Noruega
64,8
Irlanda
64,6
Canadá
63,8
Reino Unido
63,7
Estônia
63,6
Holanda
63,6
Dinamarca
63,4
República Tcheca
63,1
Eslovênia
62,9
Turquia
62,8
Espanha
62,3
Polônia
62,3
Alemanha
62,1
Grécia
61,9
Áustria
61,9
Finlândia
61,8
Itália
61,8
Eslováquia
60,9
Hungria
60,9
França
59,7
Bélgica
59,6
Brasil
59,4
Luxemburgo
57,6

Fonte: Ministério do Trabalho
e da Previdência Social referente a 2012. Os números referentes ao Brasil são de 2015.