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terça-feira, 13 de dezembro de 2016

O professor não tem culpa

O vexame do Ensino Médio começa no primeiro ano do Ensino Fundamental

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

O professor não tem culpa pela tragédia da educação brasileira. Apesar da sua precária formação, são os menos responsáveis por esse caos. O problema está centrado no processo de alfabetização utilizado no Ensino Fundamental, método usado que não alfabetiza. Os parâmetros Curriculares Nacionais introduziram teorias pedagógicas mofadas que a ciência já condenou faz mais de 30 anos e que confundem os professores. E alunos.

Os resultados estão ai: no 5.º ano do ensino fundamental, a criança não consegue entender o que lê. Considere que, pelo método fônico, qualquer criança brasileira pode ser alfabetizada em menos de um ano. Isso já ocorre em muitos municípios que abandonaram as cartilhas federais.

Diante de resultados ruins, o MEC criou os projetos Alfabetização na Idade Certa (copiando um projeto do governo do Ceará), Ler e Escrever e EMAI, este último para melhorar o ensino de matemática. Nada adiantou e os resultados pioraram.

Enganos pedagógicos

Os mesmos enganos pedagógicos são repetidos por muitos governos estaduais e municipais em suas cartilhas próprias e com resultados trágicos. Sequer as escolas públicas fazem uma adequada apresentação dos fonemas e grafemas, essencial no processo de alfabetização ou atividades próprias para desenvolver fluência de leitura. Os autores das cartilhas do MEC consideram importante a promoção do "letramento, a intertextualidade, os usos sociais da língua e suas múltiplas linguagens..." mas jogam código alfabético no lixo. O método utilizado nas escolas públicas brasileiras não alfabetiza.

Quem afirma isso são os maiores neurocientistas do planeta e todos os resultados de avaliações conhecidas. Todos, inclusive do Terceiro Estudo Regional Comparativo e Explicativo, divulgados em julho de 2015, no Chile, que colocam a educação Fundamental do Brasil em posições decepcionantes. Nossos alunos ocuparam os mais baixos níveis de aprendizado (I e II numa escala que chega a IV). A avaliação, que é coordenada pelo Escritório Regional de Educação da UNESCO, considerou o desempenho de 134 mil alunos do ensino fundamental, de 15 países, em matemática, leitura e ciências.

Líderes no PISA usam método fônico

O MEC ainda insiste em teorias ultrapassadas que a ciência condena, apesar dos resultados péssimos nos últimos 25 anos. Com o avanço da neurociência os países desenvolvidos adotaram os métodos fônicos pela sua evidente superioridade como Coreia do Sul, Japão, China, Hong-Kong, Singapura... ,os tops do ranking em educação no mundo. Só o Brasil, México, Argentina e alguns latinos persistem no erro. É bom lembrar que todos eles estão nas últimas posições do PISA.

As novas orientações curriculares dos Estados Unidos romperam, definitivamente, com teorias ultrapassadas ao publicar novas orientações curriculares. Nenhum projeto educacional tem apoio governamental ou privado naquele país caso a base curricular seja, por exemplo, construtivista.

Faltam investimentos?

Falta investimento na educação brasileira? Sim, mas a essência do problema é a formulação da política de alfabetização. Mesmo porque, apesar do Brasil triplicar seus investimentos em educação na última década, nada melhorou. Em 2012, por exemplo, o país foi o 15º que mais investiu, no mundo, entre todos os participantes do PISA. Mas continuamos na rabeira. Como explicar, por exemplo, que o Vietnã, destruído por uma guerra violenta, uma economia paupérrima e investimentos infinitamente menores que o Brasil, está no topo da educação e nós, nas últimas colocações? Uma intelectóide do MEC disse que a Coreia do Sul investe três vezes mais que o Brasil. Mas ela não disse que os coreanos investem quatro vezes menos que os Estados Unidos que amargam um 22º colocado contra os primeiros lugares dos asiáticos. E que países latino americanos que ficaram à frente do Brasil investem 10 vezes menos que nós.

Falta melhor formação para os professores? Sim, mas eles foram treinados para replicar bobagens pedagógicas que nem os professores unespianos entendem. Falta melhor salário na área? Sim, ganhos melhores incentivam mas, nem isso ajudará a promover avanços se mantidos os atuais métodos de alfabetização.

PISA derruba mitos

Salas de aulas com número reduzido de alunos, segundo estatística do PISA, tem ganho irrelevante e a desculpa do nível social é desmentido por outros números da OCDE - Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Econômico - que mostram que os alunos mais pobres de Xangai sabem mais matemática que os alunos mais ricos dos Estados Unidos e Europa. O Brasil tem exemplos de regiões paupérrimas com excelentes índices na educação, a maioria no Ceará. Em 6 anos algumas escolas subiram o Ideb de 2,9 para 7,2. Na classificação do Ideb de 2015, das 100 melhores escolas públicas do Ensino Fundamental dos anos iniciais, 77 são do Estado do Ceará. As 24 melhores escolas classificadas entre as 100, são todas daquele estado com notas 9,8. O segredo é que essas escolas abandonaram as invencionices pedagógicas e partiram para os métodos fônicos.

É preciso colocar a neurociência em sala de aula para vencermos essa guerra que já vitimou milhões de jovens que continuam analfabetos, protagonistas dos maiores fracassos da nossa educação. Pior é lembrar que o processo é irreversível. Em 2015 o Brasil ficou em 63ª posição em ciências (401 pontos), na 59ª em leitura (407 pontos) e na 66ª colocação em matemática (377 pontos).

É preciso compreender que o vexame do Ensino Médio brasileiro começa no primeiro ano do Ensino Fundamental.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Mec diz que não haverá cortes de disciplinas


Por Edson Joel

Por conta das mudanças propostas para o Ensino Médio, o Ministério da Educação correu para esclarecer que não haverá corte de nenhuma disciplina e que a carga horário permanecerá com 2.400 horas (1.200 para atender a Base Nacional Curricular Comum e 1.200 para o currículo flexível). Base Nacional Comum será obrigatória para todos: artes, educação física, português, matemática, física, química.

O Novo Ensino Médio oferta a alternativa de formação em competências profissionais específicas como forma de capacitar o aluno para o trabalho.

"O requisito básico mais importante, além da parte comum da Base Nacional Curricular, é a exigência de um componente prático, na forma de atividades supervisionadas realizadas no setor produtivo ou em ambientes
de simulação" concluí a nota da Assessoria de comunicação social.

Na prática, somente português e matemática terão ênfase, considerando-se que nossos alunos vem atingindo péssimos resultados em qualquer avaliação que se promova.


Rossiele Soares, Secretário de Educação Básica

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Ineficácia do método global/construtivista é provada em laboratório

Método fônico alfabetiza melhor e mais rápido, diz neurocientista
Stanislas Dehaene: a ineficácia do método construtivista está provada não só em laboratório, mas em centenas de experimentos realizados em inúmeros países.

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza / Atualizado em 12.03.2020

Stanislas Dehaene, matemático e neurocientista francês, afirmou que o método fônico é o mais eficiente e que uma criança pode ser alfabetizada, em português, em menos de um ano. Na maioria das escolas públicas brasileiras, com métodos lastreados em teorias construtivistas, as crianças chegam ao 9º ano com sérias dificuldades para ler, escrever e interpretar o que leu. Todas as avaliações indicam isso, inclusive a última, patrocinada pela Unesco: nossos alunos do Ensino Básico atingiram níveis de proficiência "abaixo do básico e básico" e muito pouco do adequado e quase nada do avançado.

Esta foi uma das mais importantes conclusões de Dehaene durante uma palestra no seminário promovido pela Secretaria da Educação de Santa Catarina e transmitida, ao vivo, para mais de 2000 diretores, supervisores, coordenadores e professores da rede estadual.

O cérebro impõe a sequência

Segundo matéria publicada na página da Secretaria da Educação de Santa Catarina, Dehaene garantiu que “embora desagrade a muitos, não se aprende a ler de cem maneiras diferentes. Cada criança é única, mas, quando se trata de alfabetização, todas têm basicamente o mesmo cérebro que impõe a mesma sequência de aprendizagem. Quanto mais respeitarmos sua lógica, mais rápida e eficaz será a alfabetização”.

Milhares de estudos em laboratório mostram que "os cérebros ativam os circuitos corretos para a leitura quando a criança aprende a relação de sons e símbolos gráficos ganhando velocidade e autonomia para lerem palavras novas, de forma muito mais rápida", disse o cientista. "O atual método utilizado no Brasil, o construtivismo, é ineficaz e isso está provado não apenas em laboratório mas em centenas de experimentos realizados em inúmeros países. E esses conhecimentos científicos estão reorientando as políticas públicas em vários deles" - cita o site da Secretaria da Educação de Santa Catarina. Portugal é um deles.

Método global: construindo cidadãos analfabetos

O novo ministro da educação de Portugal, Nuno Crato, aboliu as teorias de Piaget e colocou a neurociência na sala de aula. Ferrenho crítico do que ele chama de "eduquês", Crato sempre questiona como o método construtivista quer construir cidadãos que chegam ao ensino médio, analfabetos: "o jovem não consegue entender o que lê numa revista ou jornal. Que cidadão e esse?" - pergunta. Em pouco menos de três anos promoveu uma grande revolução no ensino português, até então, como o Brasil, nas últimas colocações do Pisa. Nuno Crato não abre mão de um ensino rigoroso, lastreado em conteúdos curriculares (Português, Matemática, História, Geografia, Ciências e Inglês), metas, avaliações e mérito.

O construtivismo propõe que as crianças não sejam "adestradas" com a repetição de sílabas mas se preocupa em fazer as crianças darem mais atenção ao significado das palavras. 

"O problema é que o cérebro precisa decodificar para ler, só consegue prestar atenção no significado quando a leitura ganha certa velocidade e que conseguimos isso muito mais rápido com o método fônico", explicou Dehaene.

Classes iguais, resultados diferentes

E o cientista contou uma experiência realizada na França que resume bem a situação vivida nos países que utilizam a teoria do método global. Crianças, do mesmo nível socioeconômico, foram divididas em dois grupos: um foi alfabetizado pelo método global e o outro, pelo fônico. No final da escolarização os alunos que haviam sido alfabetizados pelo método global/construtivista não só liam mais lentamente, como tinham mais dificuldades para compreender textos, dos que os que haviam aprendido pelo método grafo-fonológico.

A explicação é simples: as crianças alfabetizadas pelo método fônico são ensinadas, primeiro, a decodificar e, após, conhecer a relação dos sons/letras. Na sequência elas são ensinadas a ganhar fluência com a leitura automatizada - o cérebro não é ocupado para decodificar, mas para compreender o que lê - conquistando total autonomia no processo de leitura/compreensão. O diagnóstico clássico de alunos ensinados pelas teorias construtivistas é o oposto: os alunos, depois de uma leitura difícil, não se lembram do começo da frase.

Em português uma criança de 5 anos levaria bem menos de um ano para aprender a ler, compreender e escrever. Porém, mesmo diante de evidências científicas, o Ministério da Educação do Brasil - que vinha sendo conduzido por por políticos e não por especialistas na área, como em 2019 - insistiam no mesmo projeto pedagógico, todos os anos, ao longo dos últimos 30, com péssimos resultados. Todas as avaliações internas e externas mostram isso.

Como funciona o ensino estruturado

Dehaene aponta algumas sugestões: - A escola precisa ser organizada para a aprendizagem. Um ambiente atrativo facilita o processo da leitura. O docente tem que observar em que nível de progressão a criança se encontra e uma avaliação permanente, por parte do professor e a autoavaliação do aluno, são essenciais para esse processo.

Além do método fônico, ele destacou a importância do ensino estruturado, que é feito uma sequencia que respeita a lógica de como o cérebro aprende, começando do simples para o complexo, ensinando uma letra de cada vez, começando pelas mais regulares na sua relação com os sons, as mais fáceis de serem pronunciados separadamente e pelas mais frequentes. Ele também destaca a importância dos erros e da recompensa, o reconhecimento pelos avanços. “Os erros são mais úteis para a aprendizagem do que os acertos, mas só se a criança receber logo o feedback da correção. Ela não deve ser castigada, mas deve ser corrigida e reconhecida, elogiada por seus avanços”.

- Exercícios abundantes e diversificados adequados ao nível de progressos da criança são outros elementos da receita de sucesso de Dehaene. “Se não diversificarmos, as crianças memorizam os exercícios sem aprender a decodificação que lhes permitirá ler qualquer palavra”. Os programas Alfa e Beto foram mencionados pelo pesquisador como bons exemplos de ensino estruturado de alfabetização a partir do método fônico.

O projeto piloto de Jafa


Com a concordância da secretaria da educação municipal, a diretora da Escola Emeief Norma Mônico Truzzi, de Jafa (distrito de Garça, SP) elaborou um projeto piloto com método fônico para ser aplicado nos últimos 70 dias letivos de 2019. Recém empossada, Miriam Nitcipurenco de Souza não aceitava o mesmo projeto pedagógico que vinha sendo repetido por décadas, com péssimos resultados. Utilizando apenas os livros de português, do método Alfa e Beto, os alunos terminaram o ano com total autonomia em leitura e escrita. Em 2020 a secretaria adotou o método para a sua escola.

"Antes do fônico a gente falava uma língua estranha que os alunos não compreendiam. Hoje até a disciplina melhorou, eles conseguem ler, compreender, elaborar textos estruturados, respeitando pontuação, paragrafação.


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