segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Depois da tragédia, o rigor das leis


Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Os convidados e familiares dos alunos do curso de administração da Universidade Estadual de Frutal, Minas Gerais, ficaram surpresos quando os bombeiros da cidade solicitaram que se retirassem da cerimônia de formatura, interrompida ao meio porque o local não tinha alvará para abrigar o evento. Com o apoio da Polícia Militar o recinto foi lacrado.

Fatos como esse e as inúmeras casas noturnas lacradas por infringirem as normas de segurança dão uma amostra de como as irregularidades eram administradas até que uma tragédia, com dezenas de mortes, provocasse um "repentino espírito coletivo de responsabilidade." A prefeitura de Santa Maria e o Corpo de Bombeiros local ainda não conseguiram se explicar sobre o funcionamento da boate com tantas irregularidades como as comprovadas no inquérito a ponto do próprio delegado alertar que agentes públicos poderiam ser responsabilizados pelas mortes.

Para resumir a irresponsabilidade das autoridades brasileiras basta citar que a "avalanche", a perigosa e proibida comemoração de gol nas arquibancadas, acabou sendo "permitida" no estádio do Grêmio de Porto Alegre após negociações entre os chefes de torcidas e as autoridades gaúchas. Sob alegação de que aquela forma de comemorar é "tradicional" entre os gremistas, o perigo de graves acidentes com mortes foi colocado em segundo plano. 

Mas foi preciso uma tragédia para o país acordar? 
Santa Maria não foi um caso de fatalidade, mas uma tragédia causada pela negligência, corrupção, irresponsabilidade, pelo jeitinho brasileiro se burlar regras, normas e leis. E de provocar tragédias. O congresso, quase sempre estagnado, reage lentamente diante das reivindicações populares.

Em 2004, na Argentina, por uma tragédia semelhante com quase 200 mortos, o prefeito de Buenos Aires foi cassado e o dono da discoteca condenado a 20 anos de prisão.